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Foto: https://museografiaportatil.site123.me/equipo/h%C3%A9ctor-carrasquero

 

HÉCTOR CARRASQUERO

Caracas- Zulia – Venezuela

( Cabimas – Zulia – Venezuela – 1972)

 

TEXTOS EN ESPAÑOL  -  TEXTOS EM PORTUGUÊS


AMANECIERON DE BALA – Panorama actual de la joven poesía venezolana. ANTOLOGIA.  Caracas: El perro y la rana , 2007.  306 p. ISBN: 978-980-396-832-8
Exemplar biblioteca de Antonio Miranda

 

                                                        ( Mateo, 8: 8
CADA vez que te invoco en el miedo
cuando el sol de la mañana es una lluvia de vidrios
— venga a nosotros tu reino —
tengo que perdonarme mientras soy lágrima y moco tendido
suicidas fracasados   ladrones exitosos   centuriones sin fe
hambrientos  sonámbulos  y resucitados
nosotros mismos que estamos a merced de los caníbales
o somos uno de ellos
(cómo podemos absolvernos de nuestra ausencia?
¿no éramos Uno tú y nosotros?
Si es que te aburre nuestra charla
siento tu aburrimiento y pronuncio tu queja
pero salgo a bailar de vez en cuando
y me enamoro cada día con mi amor dormido
cambiando el mundo sin tu omnipotencia
Pero en la tenue llama de mi centro
trato de perdonarme la sordera
y el no haber puesto un plato para ti en la mesa
Este silencio, Padre, es para hacerte compañía
una palabra tuya.


Parque Central

en el turno que termina como a las nueve de la noche
ella nos ascensoriza y nos decensoriza
con un dulce timón en la mirada

cuando gritas desde el último piso
para que te naufrague hasta la ciudad
por ese oscuro aleteo cotidiano
sabes que en su silencio
podrías profundizarte hasta el centro de la tierra
porque cuando el azar de sus ojos te toca
te atraviesa una brisa
que da vértigo
de tanto horizonte que te mira

yo solía llegar temprano para escucharla preguntar
a qué piso vas
y musitarle mi destino a sus dedos luminosos
como una lenta invitación

hasta que una noche
un poco tarde
la vi salir
vestida con otros colores
haciendo temblar las torres con su caminar

 

EN EL VELOZ azul vidrio de las torres
me reflejo deforme, a lo lejos
en un largo
desvalido
instante
igual traigo dagas en vez de latidos
igual no sé si soy yo u otro cualquiera
en cualquier modulada ventana
de las que son mi paisaje
agradezco los barrotes que me separan del vacío
presiento el temblor de aquel espejo
eco del silencioso canto
en que comulgo con mis vecinos
un poco más que allá abajo
en el terrarium donde los niños juegan
sin saber de la ciudad que nos ciñe
en nuestra hambre y nuestro hartazgo
de nosotros mismos

 

TEXTOS EM PORTUGUÊS
Tradução de ANTONIO MIRANDA

                                            Matheus, 8: 8

CADA vez que te invoco no medo
quando o sol da manhã é uma chuva de vidros
— venha a nós o teu reino —
tenho que perdoar-me enquanto sou lágrima e moleque estendido
suicidas fracassados   ladrões exitosos   centuriões sin fé
famintos  sonâmbulos e ressuscitados
nós mesmos que estamos a mercê dos canibais
ou somos um deles
(como podemos absolver-nos de nossa ausência?
não éramos Uno tu y nós?
Se é que te aborrece nossa conversa
sinto teu tédio e pronuncio tua queixa
mas saio a dançar de vez em quando
e me enamoro cada dia com meu amor dormido
mudando o mundo sem a tua onipotência
Mas na tênue chama de meu centro
trato de perdoar-me a surdez
e o não haver colocado um prato para ti na mesa
Este silêncio  Pai, é para fazer-te companhia
uma palavra tua.

 

Parque Central

no turno que termina como às nove da noite
ela nos eleva e nos rebaixa
com um doce leme na mirada

quando gritas desde o último andar
para que te naufrague até a cidade
por esse escuro vibrar quotidiano
sabes que em seu silêncio
poderias aprofundar-te até o centro da terra
porque quando o azar de seus olhos te toca
te atravessa uma brisa
que dá vertigem
de tanto horizonte que te mira

eu costumava chegar cedo para escutá-la preguntar
a que andar vais
e murmurar-lhe meu destino aos esus dedos luminosos
como um lento convite

até que uma noite
um pouco tarde
eu a vi sair
vestida com outras cores
fazendo tremer as torres com seu caminhar

 

EN EL VELOZ azul vidro das torres
me reflexo deformado, lá adiante
em um longo
indefeso
instante
também trago adagas em vez de latidos
igual não sei se sou eu ou outro qualquer
em qualquer modulada janela
das que são mi paisagem
agradeço as estruturas que me separam do vazio
pressinto o tremor daquele espelho
eco do silencioso canto
em que compartilho com meus vizinhos
um pouco mais que lá embaixo
no terrarium onde as crianças brincam
sem saber da cidade que nos rodeia
em nossa fome e nossa saciedade
de nós memos

 

*
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Página publicada em agosto de 2024 

 

 

 
 
 
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